domingo, 5 de fevereiro de 2023

O GOVERNO LULA E O ARAME LISO

 

 

Caminhos tortuosos esperam o governo lula

 

 

Sim os caminhos que o governo tem a frente são cheios de tortuosidades, armadinhas, sinucas de bico. Dai os riscos do comportamento arame liso.

A expressão, eu ouvi pela primeira vez no Linha de Passe, da ESPN Brasil, à época com Mauro Cezar. O Mauro usava a expressão para se referir ao Flamengo, ante da era Jesus.

Trata-se do time que tem boa iniciativa, cutuca o adversário constantemente, mas não liquida a partida e acaba perdendo ou empatando.

Posso estar totalmente enganado, mas acho que em duas frente importante, o governo Lula está sendo arame liso.

Primeiro a frente militar. O governo vai deixando passar a oportunidade de enquadrar em definitivo os militares, instituir por que caminhos vai providenciar uma investigação séria da participação dos milicos nas ações golpistas. O tempo ta passando, os militares estão em baixa, a hora é agora. Veremos mais adiante por que isso é importante.

Segundo, o governo precisa agir contra políticos golpistas, todas a armas à disposição tem que ser usada para atacar os políticos que financiaram, participaram, incentivarem, os atos golpistas violentos desde o 12 de dezembro. Ali se abriu uma brecha para atacar esses políticos. Assim como no futebol, o momento de ofensiva deve ser convertido em gol ou você se arisca a levar um gol.

As ações desse senador Do Val mostram que a direita não está na defensiva, pelo contrário, ela continua na ofensiva, pautando a discussão no país. Articulando formas de minar a credibilidade do processo eleitoral,  do próprio governo e das próprias investigações.

É urgente reagir, tem que parar de mimimi, usar toda a estrutura de comunicação para denunciar o descalabro do governo, o sucateamento da área social. Quem quiser que defenda o extermínio dos ianomâmis, que justifique as inações do governo anterior na área social, é esse debate que deve ser colocado, paralelo as medidas de correção, como política de moradia, reestruturação do bolsa família, etc.

O ministério da cultura deve agir rapidamente para recolocar a organização de pé. Consultas previas já devia ser disparada nas diversas regiões. Há muita coisa a ser feita que não depende de dispor de verbas imediatamente, no nível da organização. Cultura não é só a distribuição de verbas.

Ora, dirão alguns, o governo mal começou, o governo está indo bem e está

Mas não basta, tem que fazer mais, tem que atacar a direita enquanto o momento é favorável.

O cenário ali na frente

O que teremos este ano e no próximo? O que temos hoje?

Hoje temos um cenário onde só não saiu um golpe por falta de sustentação externa. Ai vem

O governo de Biden, leitor de teleprompt,  que não tinha outra saída a não ser apoiar o governo Lula, mas é um apoio meia boca, já que o governo estará numa posição diametralmente oposta aos objetivos do Deep State.

A linha Lula envolve reforçar laços regionais e internacionais que favoreçam a industrialização brasileira. Sem se dizer nacionalista, o governo lula é um governo nacionalista, apoiado no conceito de desenvolvimento de uma independência de fato, com aqueles requisitos essenciais de todo país realmente independente:

Autossuficiência/segurança alimentar, desenvolvimento da capacidade de dissuasão, industrialização.

Isso passa pelo estreitamento de relações com o Sul Global, com uma retomada da participação brasileira no BRICS, com nossa inserção no Cinturão e Rota com seus trilhões em investimentos.   

Esses requisitos estão no horizonte do governo Lula e isso é incompatível hoje com as diretrizes do DeepState. O capital rentista norte americano precisa de países com reservas minerais e potencial agrícola como o Brasil, frágeis, manobráveis politicamente, integrados de forma subalterna a lógica rentista. Portanto o atual apoio de Biden deve ser visto com desconfiança até porque os EUA não são amigos de ninguém, como os eventos das últimas três décadas testemunham.

O mundo baseado em regras, é o mundo baseado em regras americanas e, essas regras são claras: estejam conosco ou contra a gente. No último caso, aguente as consequências da diplomacia do dólar/canhão. Diplomacia traduzida em guerra hibrida, sanções econômicas, confisco de bens, revoluções coloridas golpes institucionais, enfim todo o acervo Maidan. Por tudo isso, o atual apoio norte americano é frágil, débil, instável. Enfim, não dá para confiar no Tio Sam.

Mas....vamos supor que Biden seja um bom moço com o Brasil. Nesse ano, meados dele, começa a aquecer a disputa pelo poder formal nos EUA. A extrema direita está bem colocada para esta eleição, apesar das derrotas nas eleições de meio de ano passado.

Um muito possível retorno de Trump reforça muito o bolsonarismo aqui e as condições para um maidan made in Brasil estarão prontas, por isso é preciso atacar agora. Desarticular ao máximo a extrema direita. Se seguir agindo no modo arame liso, poderemos amargar uma grande derrota. 

       

Na cena internacional nossa posição é frágil, difícil acreditar que, no cenário atual haja espaço para essa terceira via que lula professa.

Primeiro a diplomacia americana está sendo muito explicita em relação aos países, ou seja, reduziu seu discurso em termos simples. Você está conosco, podemos contar com você? Se a resposta for uma ambiguidade a ala Lula, a interpretação não assumida publicamente é: precisamos dar um jeito nesse país.

Ou seja, não há espaço para talvez, o deep state tem uma agenda que pressupõe um mundo submisso às internacionais a moda americana.

A postura brasileira em nada agrada ao deep state. Lula tem falado em Segurança alimentar, indústria naval (leia-se forças de dissuasão) controla de nossas fontes energéticas, controle do nosso petróleo, ou seja, tudo que leva a afirmação da soberania do país, tudo que não interessa aos EUA.

 

Por outro lado, uma postura muito vacilante em relação aos principais temas mundiais levará a uma pouca importância do ou a uma redução da importância do Brasil no grande jogo.

Cada vez mais se aprofundam iniciativas como a desdoralização da economia por parte do sul global. Os movimentos dos BRICS por exemplo, China e Rússia e um pouco mais lentamente Índia, estão aumentando suas reservas fora do Dólar, seja em ouro seja em yuan, a moeda chinesa. Os acordos da China com a Arábia Saudita, por exemplo, terão um forte impacto nessa trajetória.

A China dispõe de capital e esse capital chinês seria muito importante para o Brasil, sobretudo se negociarmos melhor nossos acordos.

Corremos o risco ao manter uma postura muito blasé em relação ao que se passa no mundo e perderemos excelentes oportunidades.

É mais um desses momento em que o Brasil tem que responder à pergunta. O que você quer ser, quando você crescer?

 

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