A Bolívia passou, recentemente, por um golpe
civil militar movido pelas potencias capitalistas do Norte. A Bolívia é um dos
estados, senão o estado, mais pobre da América Latina. Qual o interesse em dar
um golpe na Bolívia? Resposta elementar, a esquerda assumiu o poder e Tio Sam
como sempre não gosta de governos de esquerda. Verdade? Meia verdade
Além disso há que estudar os manuais publicados por diversas agências dos
EUA e seus porta-vozes disfarçados de acadêmicos ou jornalistas para poder
perceber a tempo os sinais da ofensiva. Estes escritos invariavelmente
ressaltam a necessidade de destroçar a reputação do líder popular, o que no
jargão especializado se chama “assassinato de reputação”, qualificando-o como
ladrão, corrupto, ditador ou ignorante.
Além de seguir as análises
dos principais think tanks dos países capitalistas que delimitam o vasto campo
de ações que os governos centrais adotam em relação à periferia do sistema e as
ações das ONGs supostamente bem-intencionadas.
Depois vem as
famosas “forças de segurança” devidamente treinadas nos EUA que entram em cena
para assegurar que os neofascistas atuem livremente intimidando, eliminando até
fisicamente seus opositores integrantes do governo, vozes discordantes em
geral, quanto mais articulados os golpistas melhor porque aí a intervenção
militar se dá “por omissão”, os neofascistas assumem o poder, os militares fazem
caras de paisagem e o golpe está pronto.
Felizmente, no caso
boliviano a população reagiu e retomou o poder via eleições.
Assim chegamos a
outra motivação, intimamente ligada a primeira e central para a ocorrência do
golpe,
o controle da maior reserva mundial de lítio.
Carros, placas solares, centrais eólicas,
smartphones tudo leva lítio, daí já viu, controle das reservas de lítio, onde estão
as reservas de lítio? Número 1 triângulo do lítio, localização América Latina,
países Bolívia Argentina Chile, depois Brasil. Do total das reservas conhecidas
de lítio 68% estão na região. Dados do USGS.
Tudo poderia ser resolvido pacificamente, se os
capitalistas norte americanos e europeus sentassem à mesa com os países latino americanos
e negociassem uma forma dessa riqueza gerar desenvolvimento na região, desse um
efetivo retorno à população dos países.
Mas não, as propostas foram no velho estilo do petróleo,
a gente suga tudo paga uma bagatela para o governo, alguns capitalistas locais
levam alguns trocados nós levamos o lítio. Esse tipo de proposta foi feito em
diversas tentativas a Evo Morales.
Só que Evo se revelou um cara teimoso, ele
disse nas repetidas vezes, o lítio boliviano tem que servir para o
desenvolvimento da Bolívia, ora, isso, no receituário neoliberal, é uma heresia.
Daí o golpe de estado, porque, ao contrário de
muitos nacionalistas europeus, os nacionalistas latino americanos são entreguistas,
logo seria fácil para os neoliberais botarem as mãos nas reservas de lítio da região.
Felizmente, como as coisas estão mudando, os
chineses acenaram com uma proposta, em acordos já fechados com a Bolívia que
aponta em outra direção.
Pelo acordo chinês a Bolívia vai realizar o projeto
de Evo, explorar suas reservas, controlar o processamento e a transformação com
a montagem de uma fábrica de baterias. Assim a Bolívia criará uma empresa
nacional que vai, em parceria com os chineses, explorar o recurso. Na formula
ganha-ganha dos chineses há uma perspectiva mais decente para os bolivianos.
Me demorei no caso da Bolívia para salientar
que a América Latina tem uma oportunidade fantástica de desenvolvimento se
tratar seus recursos naturais no quadro do exemplo boliviano.
O Brasil tem a quinta reserva de lítio do mundo,
esperamos que o governo brasileiro tenha capacidade de articular a região para construção
de acordos nos moldes do conquistado pela Bolívia.
Isaias
Jose de Almeida Neto
Pós-graduado
em História do Brasil
Professor
aposentado
Blogueiro
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