Sem tecnologia para o
apartheid: funcionários do Google são presos por protestar contra o contrato de
US$ 1,2 bilhão da empresa com Israel.
Integra da matéria no Democracy now
Sem tecnologia para o
apartheid: funcionários do Google são presos por protestar contra o contrato de
US$ 1,2 bilhão da empresa com Israel.
Integra da matéria no Democracy now
Eleições americanas
Entenda o processo
Primeiro, não há lei eleitoral
nos EUA, a legislação eleitoral é definida nos Estados e não são leis fixas. O
regulamente eleitoral é fluido, podendo mudar de uma eleição para outra. A
estrutura é montada para favorecer sempre a plutocracia no poder.
Quem pode se candidatar?
Qualquer um, para manter a aparência de democracia. Qualquer natural dos EUA
pode concorrer à presidência, claro que qualquer um tem chances zero de se eleger,
só integrantes da plutocracia, na prática, podem ser eleitos.
Primeira fase: As Primarias
De janeiro a junho cada
partido realiza um processo de escolha de candidatos, as primarias, nas quais todos os pretendentes de cada partido concorrem
entre si. Ou seja, em cada partido há uma competição para saber quem vai ser o
candidato do partido.
Os custos da campanha correm
por conta de cada candidato, não há financiamento público de campanha. Dessa
forma, cada candidato registra sua intenção na FEC (Federal Election Commission)
e se torna apto a angariar fundos.
Ai começam as restrições à
participação popular. Você precisa de muita grana para ser candidato. Na última
eleição, por exemplo, Biden gastou mais de 900 milhões, quase um bilhão de dólares.
The State of Capitalism: Economy, Society, and Hegemony
Resenha do livro de Mathew D.
Rose
Ao terminar The State of Capitalism: Economy, Society, and Hegemony, do professor de economia da SOAS Costas Lapavitsas e dos outros dez membros do Coletivo de Redação EReNSEP, minha pergunta era: por que não estão sendo escritos mais livros como este? Se você não é economista como eu, mas lê muito sobre economia política, existem inevitavelmente lacunas na informação que se adquire. Isso muitas vezes resulta na incapacidade de conectar os pontos, permitindo reconhecer o quadro geral. Lapavitsas e os seus colegas fornecem uma análise completa sobre a financeirização mundial e o papel dos estados centrais e da hegemonia dos EUA, concentrando-se no período que se segue à Grande Crise Financeira até hoje, mas sem ignorar as origens históricas destes desenvolvimentos.
Devo admitir que tenho uma predileção pelos economistas marxistas por livros como este, que cobrem um tópico tão amplo, pois possuem o foco e a disciplina necessários para realizar uma análise tão substancial. O Estado do Capitalismo, no entanto, não é dogmático, incorporando outras perspectivas heterodoxas. Costas Lapavistas é um analista e escritor perspicaz, o que lhe permite executar um projeto como este com o que parece ser uma grande facilidade. Com as contribuições dos demais membros da EReNSEP, o livro apresenta um grande conhecimento aprofundado em diversos temas.
O livro está dividido em três partes. A primeira, “Emergência de Saúde Imprevista”, que analisa as respostas caóticas dos governos dos principais países à pandemia de Covid, resultado de políticas de saúde pública neoliberais. Isto inclui o regime autoritário resultante dos mesmos governos durante a pandemia e a transformação do desastre num boom económico para a anteriormente tão criticada Grande Indústria Farmacêutica. Como aprenderemos mais adiante neste livro, a crise financeira que se seguiu seria um benefício igual para a indústria financeira nos países centrais. Esta seção compõe apenas cerca de 20 páginas deste trabalho de 360 páginas. Não é claro por que razão foi dada tanta importância a isto, embora a pandemia continue a reaparecer ao longo do livro como uma espécie de metáfora para o desastroso desenvolvimento político, económico e ambiental do capitalismo ocidental.
“Estados e Capitais na Economia Mundial” é a terceira e última parte do livro. Isto centra-se principalmente na relação política e económica entre as nações centrais e periféricas, especialmente o papel hegemónico dos Estados Unidos e levanta a questão de até que ponto isto está a ser ameaçado pelas nações periféricas, especialmente a China. O livro aparentemente foi escrito antes do recrudescimento e expansão dos BRICS, mas se enquadra perfeitamente na análise dos autores.
Esta hegemonia dos EUA está atualmente a ser desafiada, em grande parte devido à ação dos próprios EUA. Não só permitiu e apoiou a ascensão económica da China, que se tornou um sério concorrente geopolítico e económico, mas também o seu congelamento arbitrário das reservas em dólares do banco central russo diminuiu a credibilidade do dólar americano como moeda mundial.
Os autores dedicam secções desta
parte do livro a “O Desafio Hegemónico Chinês”, “A Doença da Europa” e “A
Ecologização do Capitalismo”, o último dos quais trata da destrutividade
ambiental inerente ao capitalismo e da tentativa destes mesmos atores lucrarem
com a luta contra a crise climática que eles próprios criaram e continuam a
perpetrar.
O livro termina com um apelo aos esquerdistas para que desenvolvam um programa político como alternativa ao capital privado, permitindo uma intervenção forte para restaurar não só a justiça social e económica, mas também a democracia.
Publicado originalmente no Brave New Europe
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Saná Capital do Iêmen |
Historicamente, o golfo de
Áden era conhecido como "golfo de Berbera", em alusão à antiga cidade
portuária somali, situada na margem sul do golfo, na atual Somalilândia.
Todavia o desenvolvimento da cidade de Adem, durante a era colonial, fez com
que o nome de "golfo de Aden" prevalecesse sobre a antiga
denominação.
Este mar marginal foi formado
há cerca de 35 milhões de anos, com a separação das placas tectónicas africana
e arábica e faz parte do sistema do grande vale do Rift.
O golfo de Aden é uma via
marítima essencial para o petróleo do golfo Pérsico, tornando-o muito
importante para a economia mundial. Possui muitas variedades de peixes, corais
e outras criaturas marinhas, devido a sua baixa poluição. Os principais portos
são Aden (no Iémen), Berbera e Bosaso (ambos na Somália).
Ele não é considerado seguro,
visto que a Somália que lhe é limítrofe, é um país instável, e o Iêmen não
possui forças de segurança suficientes na região. É uma das principais áreas de
pirataria mundial, extremamente perigosa para a navegação. Além disso, vários
ataques da guerrilha iemenita foram efetuados no golfo, como o do USS Cole.
Hutis (al-hutis ou houthis, em
alusão ao nome dos seus dirigentes, Hussein Badreddine al-Houthi e seus irmãos)
é a denominação mais comum do movimento político-religioso Ansar Allah, (em
árabe: 'partidários de Deus') maioritariamente xiita zaidita (embora inclua
também sunitas) do noroeste do Iêmen.
Hussein Badreddin al-Houthi,
líder do grupo, foi morto em setembro de 2004, por forças do exército iemenita.
Outros integrantes da liderança houthi, incluindo Ali al-Qatwani, Abu Haider,
Abbas Aidah e Yousuf al-Madani (um genro de Hussein al-Houthi) também foram
mortos pelas forças governamentais iemenitas.]
Em 2014, apoderaram-se de uma
grande parte do país, incluindo a capital Saná. Em março de 2015, a Arábia
Saudita criou uma coligação militar composta por cerca de quinze países, entre
os quais os Emirados Árabes Unidos e o Egito, para derrotar os Houthis e repor
no poder o governo do Presidente exilado Abd Rabbuh Mansur Al-Hadi. Os Houthis
mantiveram o controlo do antigo Iémen do Norte.
Parte do grupo tem sido
referida como um "poderoso clã", denominado Ash-Shabab al-Mu'min ( em
português, Jovens Crentes) .
A seguir um texto sobre a história
da divisão política do Iêmen publicado originalmente no site https://www.doisniveis.com/oriente-medio/iemen-a-historia-de-um-pais-dividido/.
Trata-se de um texto
descritivo e que vem bem a propósito do nosso blog.
Para um entendimento mais analítico
ouça nosso podcast em
https://podcasters.spotify.com/pod/show/isaiasalmeida
GUERRA NA UCRÂNIA
POR: ISAIAS ALMEIDA*
RESUMO
De dezembro de 2021 a janeiro
de 2022, a Rússia tentou forçar uma negociação com o Ocidente para resolver a
questão do armamento constante da Ucrânia, argumentando que isso colocava em
risco a segurança da Rússia. Isso ocorreu depois de a Ucrânia, por instigação do
Ocidente, continuar a se armar e atacando as regiões de maioria russa dentro
da própria Ucrânia. Estimativas da ONU dão conta de 10 mil mortos nesses
ataques desde 2014, quando um golpe na Ucrânia destituiu um presidente pró Rússia colocando em seu lugar um presidente pró Ocidente. Na época, Odessa foi
duramente castigada por resistir ao golpe e a Crimeia, depois de um plebiscito,
decidiu ficar com a Rússia.
Houve uma frenética insistência
Russa, inclusive com a divulgação, que a mídia Ocidental fez questão de
ignorar, de documentos enviados a Washington pela chancelaria russa, pedindo
uma rodada de negociações para evitar o pior.
Diante das negativas do
Ocidente a Rússia foi forçada a entrar na Ucrânia para proteger o Dombas, região
de maioria Russa. Assim, em fevereiro de 2022, tropas russas entraram em Donetsk,
Karkov e outras regiões, o exército russo avançou até perto de Kiev, capital da
Ucrânia. A essa altura a Rússia ainda queria evitar a guerra, já que na visão
dos russos trata-se de uma guerra civil, são povos eslavos, com raízes no império
russo.
Em março de 2022, a Rússia
busca negociações para evitar a continuação das hostilidades, mas uma ação
efetiva de Boris Johnson e dos EUA frustram as tentativas de negociação. Assim
começa a guerra.
A Rússia invade os territórios
e vários são anexados, mas a Ucrânia devidamente armada e treinada pelo
Ocidente reage, reconquistam pequenas áreas, mas não detém o avanço russo.
Nesse ponto é preciso
esclarecer, o Ocidente apostou nesse conflito com a esperança de quebrar a resistência
russa à uma integração subordinada aos interesses da OTAN e dos EUA. Não
funcionou.
Vejamos os objetivos do
Ocidente:
- Desgastar a capacidade
militar russa;
- Destruir a economia russa através de pesadas sansões;
- Criar uma crise interna de
tal ordem que levasse a queda de Wladimir Putin.
Bem, nenhum dos três objetivos
foram alcançados.
A indústria militar russa se reestruturou
mais rápido do que o previsto, além de ter em alguns campos, uma clara vantagem tecnológica
em relação ao Ocidente.
As sansões contra a economia
russa provocou dois efeitos: levou a Rússia a aumentar seu comércio com Oriente
e a Ásia, graças as suas imensas reservas de gás e petróleo e produtos agrícolas e,
uma economia que se mostrou bastante resiliente aos boicotes ocidentais, além
de ter capacidade de substituição de importações acima do esperando no Ocidente.
Acordos de longo prazo foram
assinados entre Rússia e China e entre Rússia e Índia, uma maior aproximação
com o Irã e a Coreia do Norte, garantiram a Rússia inclusive acesso a mais
armamentos.
Enquanto as economias da Zona
do euro despencam a Rússia vai ter crescimento. Asa previsões desse ano para o
ano 2023 são de 2,8 para Rússia e 0,6 para a zona do euro
Outro efeito das sanções foi provocar,
acelerar a crise na Europa A questão habitacional se tornou crônica. Na década
de 1970 os europeus gastavam em média 1/5 do salário com aluguel, hoje pode
variar de 50 a 70%, a solução para muitos tem sido se mudar para longe dos centros
urbanos e vivenciar o que os trabalhadores do mundo em desenvolvimento
vivenciam, ter que passar horas no transporte para o trabalho. Para o europeu
é uma experiência nova.
A destruição dos Nortstream, os
grandes gasodutos partindo da Rússia com destino ao resto da Europa,
orquestrada pelos EUA, colocou a Europa numa situação crítica, tendo que pagar
aos americanos um valor até 7 vezes maior que o oferecido pelos russos. A classe
trabalhadores nesses países é quem está sofrendo as consequências dessa
estupidez.
Quanto a crise interna na
Rússia com a derrubada de Putin, também não correu como previsto nos sonhos
molhados dos otanicista e atlanticista.
Putin enfrentou uma tentativa
de motim, organizada por Prigozhin, o homem do PMC Wagner, empresa privada
militar, importante na conquista de Barkmut, o motim foi facilmente debelado e
Prigozhin acabou morto. O episódio reforçou a autoridade de Putin e ao que tudo indica,
uniu ainda mais o país.
No terreno militar as coisas
não vão nada bem para as forças Ocidentais. Em julho de 2023 foi anunciada, com
pompa e circunstância, uma contraofensiva ucraniana que poria a Rússia de
joelhos. Nós estamos em janeiro e, nada ainda.
A tal contraofensiva se
deparou com uma bem armada defesa Rússia em toda a linha de contato. O exército
ucraniano se viu preso em um moedor de carne em Barkhmut, (Artemovsk em russo). Depois de pesadas perdas em homens e equipamentos por parte dos ucranianos, a
Rússia tomou Barkhmut, e agora mais recentemente conquistou Marinka e avança
para Adveevka.
A questão militar será objeto
de um boletim a parte.
Ah mais isso é com a Rússia.
Acontece que a Rússia é uma potência nuclear, se faz isso com a Rússia, o que não
fará conosco? Veja a Venezuela, foi literalmente roubada. Ai já viu, um monte
de gente fez fila nas portas dos BRICS.
2023 marca um momento em que o grito de liberdade se transformou na seguinte
expressão: Desdolarização. Resultado, a 20 anos atrás 70% das transações internacionais
entre países eram feitas em dólar, hoje está em 50%. Só não caiu mais ainda por que a
China tem zilhões de ativos em dólar, mas tanto China quanto outros países vêm
diminuindo sua participação na farra que os EUA fazem com sua moeda.
Os BRICS tomaram um novo
folego ao serem vistos cada vez mais com uma alternativa ao ”mundo baseado em
regras do Ocidente”, as regras deles, para benefício deles claro.
Como está cada vez mais
evidente que a guerra na Ucrânia não vai dar os frutos pretendidos o Ocidente
se volta cada vez mais para a crise no Oriente Médio, para além do genocídio em
Gaza, está a questão de controlar o Oriente. Durante muito tempo os EUA nadaram
de braçada na região, manietando os conflitos regionais a seu bel prazer.
Um dos atos mais perversos foi o ataque ao Iraque para que este se pusesse sob seu
controle. Fracassou na medida em que, mesmo derrubando Saddam com toda sorte de
mentiras, não conseguiu estabelecer um controle efetivo da região. O Iraque, pós
invasão, se tornou uma terra arrasada com altas no custo de vida, parte da
população na pobreza quase absoluta, e nada de reconstrução do país, muito
menos da sua economia. Resultado, o Iraque está cada vez mais próximo da China
e da Rússia, com o atual governo trabalhando ativamente para se livrar de uma vez
por todas, da presença militar americana.
O Afeganistão vivou um
atoleiro do qual os EUA saíram com o rabo entre as pernas, e gente pendurada nos
aviões.
A Síria foi destruída por puro
capricho, sem nenhuma necessidade, sem nenhum ganho visível, para o povo sírio certamente
não, está sendo salva pela Rússia, que está ajudando o país a lutar contra
terroristas manietados pelos EUA.
Enfim onde o império colocou
suas botas, não cresceu prosperidade, não melhorou a vida das pessoas, nem ele
conseguiu se estabelecer de forma consistente.
A bola da vez é a Palestina e,
logo ali na esquina, Taiwan.
Verdadeiro genocídio
Israel é culpado de
verdadeiro genocídio, pelo menos parcial, porque a Convenção para a Prevenção e
Punição do Crime de Genocídio oferece a seguinte definição no seu Artigo II:
“Na presente Convenção,
genocídio significa qualquer um dos seguintes atos cometidos com a intenção de
destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso,
como tal:
a) assassinato de
membros do grupo;
b) lesão grave à
integridade física ou mental dos membros do grupo;
c) submeter
deliberadamente o grupo a condições de vida destinadas a provocar a sua
destruição física, total ou parcial;
d) medidas destinadas a
prevenir nascimentos dentro do grupo;
e) transferência forçada de crianças de um grupo para outro. ”
Deixando de lado o
elemento indescritível da “intenção”, é claro que a, b e c se aplicam ao caso
palestiniano. Na verdade, à questão colocada pela Time, Raz Segal, um judeu
israelita que vive nos Estados Unidos e dirige o programa de estudos do
Holocausto e do genocídio na Universidade de Stockton, responde que a operação
desencadeada por Netanyahu contra Gaza "é um caso clássico de
genocídio". Até mesmo uma comissão de peritos das Nações Unidas conclui
que "os palestinianos correm grave risco de genocídio", e o
presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, tal como muitos líderes árabes,
condenou Israel pelos seus crimes de guerra e, explicitamente, pela tentativa
de genocídio.
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Imagem AFP |
Os acontecimentos no Níger mostram a precarização e falência do imperialismo francês. os povos de África que tiveram o prazer macabro da dominação europeia segue se levantando, dessa vez, para expulsar as dorças de ocupação do seu território via bases militares, empresas privadas de segurança para defender a exploração dos recursos naturais da região.
Os projetos mais ambiciosos dos europeus no meio ambiente se assentam no controle de países africanos, onde países da Europa projetam grandes estruturas para garantir energia limpa no continente europeu às custas do povo africanos.
Os movimentos atuais nos países africanos indicam que não será tão simples assim. Vejam o que esta acontecendo no Níger nessa mateira do Antidiplimatico. LEIA AQUI
Há muito tempo eu venho querendo escrever sobre isso. Qual a capacidade da Rússia de manter uma guerra contra todo o ocidente atlanticista?
A medida que a OTAN e os EUA entopem a Ucrânia de equipamento militar , de lado a Rússia vai montando defesas sem avançar em direção a Kiev, a duvida que me assaltava é , e ai, a Rússia teria capacidade militar para prolongar esse conflito por mais tempo?
A outra questão é qual a espécie de armas que estão em jogo nesse conflito. Um detalhamento técnico das armas também pode ser visto no artigo do Andrey Martyanov, falo dele a seguir.
Andrey Martyanov é considerado por muitos, como o maior especialista militar da Rússia. Opinião endossada por muita gente de peso fora da Rússia também. Dos que li , realmente ele é superior.
Tem uma analise dele da capacidade e do desgaste do exército ucraniano que é essencial para se entender o que ocorre no campo de batalha atualmente, considere ler esse material, é impressionante.
Mas, vamos a adaptação que fiz do artigo para colocar aqui
.
MUNIÇÕES
As plataformas de armas usadas em
batalha, como tanques, IFVs, lançadores MLRS e armas de cano (ou seja, canhões)
são contadas com relativa facilidade no atual conflito na Ucrânia. Parece que a
Rússia está bem equipada com armamento, mas a questão da reposição da munição
para essas armas não é bem conhecida. Por “munição”, incluo foguetes, mísseis,
bombas e munição de artilharia. Esses itens incorporam aço, alumínio,
componentes eletrônicos e explosivos. Eles também exigem propulsores para serem
entregues aos alvos pretendidos. Neste artigo, vou me concentrar nos
propulsores e explosivos usados nas munições descritas acima. Mas primeiro
algumas generalizações:
Algumas das matérias-primas
necessárias para a construção de munições, como aço, cobre, zinco e alumínio,
provavelmente não são escassas porque a Rússia é produtora de todas essas
commodities. Os metais podem ser trabalhados nas formas necessárias por
forjamento, fundição ou desenho para fazer as caixas (ocas) de projéteis e
bases de latão para munições de artilharia, ou os corpos dos mísseis e
foguetes. Esta é uma tecnologia conhecida e facilmente escalável para produzir
grandes quantidades, uma vez que uma força de trabalho experiente está
disponível. Devido à natureza estratégica desses materiais, acredito que a
Rússia manteve uma força de trabalho experiente nesta indústria pelo menos nas
últimas décadas. Aliás, isso contrasta fortemente com o Ocidente, que deixou
essa experiência definhar domesticamente ao terceirizar sua produção.
COMPONENTES ELETRÔNICOS
Componentes eletrônicos são
usados nos sistemas de orientação que controlam mísseis guiados, foguetes e
bombas inteligentes. Dependendo da complexidade do sistema, a construção de
tais armas pode apresentar um obstáculo técnico que pode limitar as quantidades
de produção. No entanto, parece que a Rússia e seus aliados têm a capacidade
combinada de fornecer quantos sistemas montados forem necessários para atender
às necessidades atuais e provavelmente também atenderão às necessidades
futuras.
Além disso, todos sabemos que a
famosa Ursula von der Lyin' expôs a genialidade dos técnicos russos que, contra
todas as probabilidades, conseguiram modificar os abundantes chips eletrônicos
das máquinas de lavar para realizar as funções necessárias para os sistemas de
orientação nessas sofisticadas munições aerotransportadas! (Ironia do autor)
FOGUETES E MÍSSEIS
A distinção entre foguetes e
mísseis tornou-se obscura pela tecnologia. Os foguetes são geralmente usados
para aplicações que requerem alta velocidade e distância curta a média (pense
em defesa aérea). Mísseis, por outro lado, são armas de impasse capazes de
percorrer longas distâncias para atingir seu alvo. Mísseis (Cruzeiro) são
geralmente movidos por motores do tipo turbina que usam combustível de
hidrocarboneto líquido (combustível de aviação), enquanto a maioria dos
foguetes usa propulsores de combustível sólido (perclorato), que aceleram o
veículo a velocidades extremamente rápidas em um curto período de tempo. Os
propulsores de combustível sólido são produtos especiais e provavelmente são
produzidos em quantidades suficientes para atender a demanda no(s) conflito(s)
atual(is).
Ambas as plataformas de armas
carregam ogivas altamente explosivas, e a quantidade agregada de explosivo
usada para todas essas armas é pequena em relação à quantidade usada em
artilharia e outras armas (alguns mísseis carregam cargas consideráveis). É
muito provável que a Rússia possa usar essas armas sem restrições, já que
provavelmente são produzidas com alta prioridade devido ao seu caráter
estratégico.
BOMBAS
As bombas convencionais devem ser
transportadas perto da localização geográfica dos alvos antes do lançamento.
Seu uso tem sido muito limitado devido a restrições de espaço aéreo na zona de
conflito.
As bombas “inteligentes”
modernas, no entanto, podem planar por mais de 40 km até um alvo, guiadas por
dispositivos controlados eletronicamente ligados à bomba. De qualquer forma, as
bombas não usam propelentes, mas dependem da altitude de lançamento para
permitir algum movimento lateral para atingir o alvo. As bombas podem, no entanto,
carregar uma grande quantidade de explosivos de alta potência e a eficácia das
bombas inteligentes hoje é incrível.
O número de bombas usadas no
conflito russo-ucraniano foi, até recentemente, limitado porque nenhum dos
lados tinha supremacia aérea. No entanto, as bombas inteligentes adaptadas
estão encontrando maior uso à medida que a Rússia usa sua superioridade aérea
para lançar munições de média distância. A produção dessas armas, no entanto,
depende apenas da fabricação dos sistemas de orientação para “aparafusar” o
corpo da bomba. Os enormes estoques de bombas “burras” feitas no passado
provavelmente são suficientes para que a produção de novas bombas não seja um
fator limitante para sustentar a alta disponibilidade dessas armas.
Uma classe especial de bomba é a
bomba de ar-combustível, projetada para gerar uma onda de pressão extrema
dentro de uma área moderada onde a bomba é detonada. Essas bombas contêm
líquidos que são dispersos na atmosfera (aerossol) na área alvo antes da
detonação. Em questão de segundos, a nuvem de combustível é então detonada, e o
combustível consome oxigênio do ar durante a detonação. A natureza especial
dessas armas e a pronta disponibilidade dos combustíveis líquidos dispersíveis
tornam provável que haja poucas limitações ao seu uso quando forem consideradas
necessárias.
ARTILHARIA
Este termo refere-se a qualquer
sistema de armas de grande calibre que utiliza um tubo (argamassa) ou cano para
impulsionar a munição. Isso inclui tanques, obuses e outras armas de canhão.
Esta categoria utiliza a maior quantidade de propelentes químicos e explosivos
devido ao altíssimo número de disparos despendidos diariamente durante os
conflitos modernos.
Usarei o redondo de 152 mm como
padrão para fins de cálculo. Outros calibres são usados, mas 152 mm representa
uma quantidade “média” de propelente e explosivo na faixa de calibres usados.
Para ter uma noção de proporção,
vamos supor que a cadência desejada de fogo de artilharia seja em média 20.000 tiros
por dia. São 7,3 milhões de rodadas por ano. A munição de 152 mm usa invólucros
de aço que pesam, no máximo, 25 kg vazios. O aço necessário para esse número de
conchas é de 183.000 toneladas métricas (MT) por ano. Isso equivale a 0,24% da
capacidade siderúrgica da Rússia (75,6 milhões de toneladas/ano). Acho que é
seguro dizer que a Rússia tem aço mais do que suficiente para fabricar os
projéteis necessários para nossa cadência de tiro “padrão”. Quanto ao latão (a
base que contém o propelente), a produção de cobre e zinco da Rússia excede em
muito a quantidade necessária para o latão, e a reciclagem é comum.
Vamos adicionar mais clareza aos
cálculos. Estima-se que a Rússia esteja produzindo atualmente cerca de 200.000
cartuchos de artilharia por mês. Espera-se que essa taxa pelo menos dobre, e
precisaria triplicar para atingir a taxa de 7,3 milhões de rodadas por ano
mencionada acima. É provável que os estoques de reserva ainda estejam
disponíveis por algum tempo para permitir uma alta taxa de gastos por enquanto,
e pode não ser necessário disparar a uma taxa consistente de 20.000 tiros por dia
(mesmo com a “contra-ofensiva” da Ucrânia). Se assumirmos que a Rússia começou
com 7,3 milhões de cartuchos no início do SMO, e eles usam 20.000 cartuchos por
dia, mas produzem apenas 200.000 cartuchos por mês, então eles ficariam sem
munições para esta classe de arma dentro de cerca de 17 meses desde o início .
Isso seria em julho deste ano.
No entanto, a Rússia anunciou que
dobrou a produção de rodadas, então eles devem estar produzindo 400.000 rodadas
por mês agora. Se assumirmos que o aumento aumentou em fevereiro deste ano, a
Rússia não se esgotaria até dezembro de 2023. Foi anunciado muito recentemente
que a produção aumentou para cerca de 20.000 tiros por dia (de toda a
artilharia), de modo que o taxa de produção aparentemente já mais do que iguala
a taxa de gastos. “Mais do que”, porque devem contabilizar as perdas devido às
ações inimigas.
CONCLUSÃO
As munições de artilharia são as
munições de grande calibre mais comumente usadas na guerra terrestre. Se
ocorresse escassez de munições estratégicas, provavelmente seria uma escassez
de munições de artilharia. Nesta seção, compararemos o consumo estimado de
munição de artilharia com a produção conhecida de matérias-primas (produtos
químicos) necessários para a produção dos propelentes e explosivos usados nessas rodadas. Eu fiz algumas suposições não tão educadas sobre o uso médio
e a carga útil média e carga de propelente para rodadas de artilharia. Essas
estimativas podem ser comparadas à capacidade de produção da Rússia das
matérias-primas usadas na produção dessas rodadas.
Primeiro, listamos os produtos
químicos necessários para a produção de munição:
1. A amônia é o material de partida para todos os materiais contendo nitrogênio usados em munições. Isso inclui propelentes para projéteis de artilharia, bem como para os explosivos contidos nas ogivas. A Rússia produz > 12. O ácido nítrico, derivado da amônia, é usado diretamente na produção de explosivos e propelentes.
2. A produção deste ácido não é facilmente discernida, mas a Rússia é um grande produtor de ácido nítrico, porque a Rússia é o maior produtor de nitrato de amônio, feito pela reação de amônia com ácido nítrico. O nitrato de amônio na Rússia é de cerca de 11 milhões de toneladas por ano.
3. O ácido sulfúrico também é um
reagente necessário, e a Rússia produz 12 milhões de toneladas.
4. O algodão é usado na produção
de propulsores, e este produto está prontamente disponível e é comercializado
em todo o mundo.
Agora, vamos estimar as
quantidades consumidas de propelentes/explosivos:
Pode-se estimar que cerca de
193.450 toneladas métricas de materiais contendo nitrogênio são necessárias
para produzir quantidades suficientes de armamentos para o conflito atual.
Para comparar este requisito com
a produção de produtos químicos necessários na Rússia, devemos aplicar um fator
para contabilizar a proporção de materiais de partida contendo nitrogênio
necessários para fabricar os produtos desejados. Tanto para propelentes quanto
para explosivos, esse fator é de cerca de 60%. Portanto, 0,60 x 193.450 =
116.070 toneladas métricas de derivado de amônia para produzir essa quantidade
de propelente/explosivo.
Comparando esse valor com a
produção de, por exemplo, amônia na Rússia, podemos ver que a munição
necessária por ano ocupa cerca de 1,2% da produção de matéria-prima.
É muito provável que a Rússia
seja autossuficiente na produção dos produtos químicos necessários para
produzir grandes quantidades de munição para os grandes canhões das forças
armadas russas.
Pulicado orginalmente na Black Mountain Analysis.
A
ACERTADA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA
O
Governo Lula, mais especificamente o próprio presidente Lula, acertadamente construiu,
em tempo ágil, uma cúpula sul americana da maior importância.
A
cimeira reuniu os chefes de estado de todos os países sul-americanos num momento
singular da geopolítica internacional.
Com
esse evento, Lula põe o subcontinente na crista da onda, dá um F5 na América do
Sul, observando sagazmente o movimento em curso no mundo.
Que
movimento é esse? A reorganização geopolítica do mundo rumo a formação de
blocos regionais fortes.
Apenas
para ficar no obvio: na Ásia, temos a ANSEAN, que reúne as nações do Sudeste da
Ásia, UA União Africana, a SCO Organização para a cooperação de Xangai, a UEE
União Econômica Eurasiática, a EU União Europeia etc.
No
âmbito da América do Sul só tínhamos o Mercosul depois veio Unasul, mais antiga
a Comunidade Andina, em 1998 é formada a ACTO Organização do Tratado de
Cooperação Amazônica. As inúmeras dificuldades dos países sul americanos bem
como a diversidade, a intervenção constante do imperialismo dificultou o funcionamento
dessas iniciativas em vários níveis, inclusive com a infame dívida eterna a que
muitos no subcontinente estão submetidos.
Dai
a importância da iniciativa de Lula. Ela se coloca num momento de crise e tensões
no centro do sistema. O grande Hegemon encontra-se atolado na Ucrânia, um
atoleiro auto infligido, com volumes absurdos de recursos, a pauperização da
Europa e a derrota cada dia mais evidente da OTAN frente ao exército russo.
De
outro lado temos a emergência de novos centros de poder, notadamente o acentuado
pêndulo do poder econômico em direção a Ásia com a China ultrapassando os EUA
em várias áreas e a EURASIA, com a liderança da Rússia.
As possibilidades
abertas à América do Sul
Esse
cenário cria uma oportunidade única para nós, sul americanos, de avançarmos na
construção de uma sociedade melhor.
O
subcontinente americano é rico em recursos naturais petróleo, áreas agrícolas,
um setor agroexportador bastante avançado. Temos algumas das maiores reservas
de lítio conhecidas do planeta. Além do ouro, cobre e prata explorados desde os
tempos coloniais temos grandes reservas de ferro, diamante, chumbo, zinco, manganês,
estanho bauxita e gás natural. Recentemente o México propôs aos países da
região a criação de uma espécie de OPEP do lítio.
Contamos
ainda com cerca de 12% da superfície terrestre e 6% da população global. Somos
banhados pelo Mar do Caribe e pelos oceanos Pacifico e Atlântico
O
subcontinente tem assim objetivamente condições de formar um bloco econômico forte
o suficiente para se tornar um player mundial. A iniciativa do presidente Lula baseia-se
muito nessa crença. Numa percepção de que, sim temos enormes problemas, mas ao
mesmo tempo temos enormes possibilidades.
Nossos eternos dilemas
Apesar
das condições objetivas, o subcontinente encontra-se enterrado sob a esfera de influência
dos EUA. Resulta disso burguesias clientes do capital norte americano que, com
aprofundamento do domínio do capital rentista nos EUA, se submetem a essa lógica
depreciando sua industrialização.
Os
EUA atuaram ativamente na região financiando, influenciando, fomentando
partidos políticos que, uma vez no poder, implementam uma lógica de desmonte do
Estado de privatizações de grandes empresas chaves dos serviços básicos à
população.
O
efeito dessa lógica deleitaria na região são o aumento da pobreza, as dificuldades
de acesso a serviços básicos. As empresas públicas objeto de privatizações são adquiridas
por fundos de investimento, bancos e outras empresas multinacionais a preços
depreciados
Resulta
daí que nossa direita e ultradireita é, essencialmente e contraditoriamente
entreguista. Abusam dos símbolos nacionais, juram amores a pátria, mas entrega o
patrimônio nacional a preço de banana e em desfavor das suas populações.
No
entanto, em momentos como a atual onde emergem governo progressistas nos principais
países da região renascem as esperanças de que uma articulação regional possa
atuar na superação dos enormes problemas das populações mais pobres, articular políticas
econômicas de incentivo ao desenvolvimento de uma
economia
regional voltada para o desenvolvimento e incremento de uma produção industrial,
para a autossuficiência alimentar, uma indústria naval própria e, em
perspectiva, segurança militar na região.
Essa
é a dimensão da iniciativa do governo Lula e sua visão das possiblidades
abertas ao subcontinente sul americano.
Isaias
Jose de Almeida Neto
Pós-graduado
em História do Brasil
Professor
Aposentado redes públicas e privada de ensino da Educação básica e Superior
Depois de ver seu PIB
ultrapassar o PIB do G,7 os BRICS não param de receber solicitações de novos
integrantes. Além da força econômica, os BRICS têm outro atrativo que tem
seduzidos os outros países: cooperação, desenvolvimento, comércio, não interferência
na vida alheia. Resultado tai a lista de novos pretendentes. E a distribuição
de senhas ainda não terminou.
Bahrein, Bielorrússia, Venezuela,
Egito,
Zimbábue, Indonésia, Irã, Cazaquistão,
México, Nigéria, Nicarágua,
Emirados Árabes Unidos,
Paquistão, Arábia Saudita,
Senegal, Síria,
Sudão, Tailândia, Tunísia,
Peru,
Uruguai
DIPLOMACIA CHINA
A cúpula China-Ásia Central
testemunhará a assinatura de uma série de documentos em comércio, investimento,
conectividade e outros campos.
Encontro histórico para
injetar ímpeto na cooperação de alta qualidade da BRI. (Belt and road Initiative.)
A China através da BRI, vai
aprofundar nessa cimeira com os países da Ásia Central, novos acordos e medidas
de implantação da Nova Rota da Seda.
Xi
fará um discurso de abertura na cúpula, expondo a posição da China sobre como
construir a comunidade China-Ásia Central com um futuro compartilhado, visando
o desenvolvimento de longo prazo para a cooperação entre os seis países,
apresentando uma série de proposições e anunciando múltiplas medidas e ações
pragmáticas.
A BRI compreende um Cinturão Econômico da Rota da Seda – uma passagem transcontinental que liga a China ao sudeste da Ásia, sul da Ásia, Ásia Central, Rússia e Europa por terra – e uma Rota da Seda Marítima do século XXI, uma rota marítima que conecta as regiões costeiras da China com sudeste e sul da Ásia, Pacífico Sul, Oriente Médio e África Oriental, até a Europa.
Participam
dessa cúpula: Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão
A
iniciativa define cinco grandes prioridades:
coordenação
de políticas;
conectividade
de infraestrutura;
comércio
desimpedido;
integração
financeira;
e
conectando pessoas.
Detalhe:
E nenhuma bala, nem armamento algum.
Um novo fantasma está pairando sobre a Europa - a
guerra. O continente mais violento do mundo em termos de número de mortes
causadas por guerras nos últimos 100 anos (para não recuar mais e incluir as
mortes sofridas pela Europa durante as guerras religiosas e as mortes
infligidas pelos europeus aos povos submetidos ao colonialismo) caminha para
uma nova guerra.
Quase 80 anos depois da Segunda Guerra Mundial, o conflito mais violento até agora, que matou entre 70 e 85 milhões de pessoas, a guerra que está a caminho pode ser ainda mais mortal. Todos os conflitos anteriores começaram aparentemente sem um motivo forte e deveriam durar pouco tempo. No início desses conflitos, a maioria da população abastada seguia sua vida normal – compras e teatro, leitura de jornais, férias e conversas ociosas sobre política.
Acumulam-se os sinais de que um perigo maior pode
estar no horizonte. Ao nível da opinião pública e do discurso político
dominante, a presença deste perigo manifesta-se em dois sintomas opostos. Por
um lado, as forças políticas conservadoras não apenas controlam as iniciativas
ideológicas, mas também gozam de uma recepção privilegiada na mídia. São
inimigos polarizadores da complexidade e da argumentação serena, que usam
palavras extremamente agressivas e fazem apelos inflamados ao ódio.
Embora numa democracia não existam inimigos
internos, apenas adversários, a lógica da guerra é insidiosamente transposta
para assumir a presença de inimigos internos, cujas vozes devem primeiro ser
silenciadas. Nos parlamentos, as forças conservadoras dominam a iniciativa
política; enquanto as forças de esquerda, desorientadas ou perdidas em
labirintos ideológicos ou cálculos eleitorais incompreensíveis, revertem a uma
defesa tão paralisante quanto incompreensível. Como na década de 1930, a
apologia do fascismo é feita em nome da democracia; a apologia da guerra é feita
em nome da paz.
Há tempo para evitar a catástrofe? Eu gostaria de
dizer que sim, mas não posso. Os sinais são muito preocupantes. Primeiro, a
extrema direita está crescendo globalmente, impulsionada e financiada pelas
mesmas partes interessadas que se reúnem em Davos para cuidar de seus negócios.
Na década de 1930, tinham muito mais medo do comunismo do que do fascismo,
hoje, sem a ameaça comunista, temem a revolta das massas empobrecidas e propõem
como única resposta a violenta repressão policial e militar. Sua voz
parlamentar é a da extrema direita. Guerra interna e guerra externa são as duas
faces do mesmo monstro, e a indústria de armas ganha igualmente com ambas as
guerras.
A Europa é muito maior do que os olhos de Bruxelas
podem alcançar. Na sede da Comissão Europeia (ou sede da OTAN, que dá no
mesmo), domina a lógica da paz segundo o Tratado de Versalhes de 1919, e não a
estabelecida no Congresso de Viena de 1815. A primeira humilhou a potência
derrotada (Alemanha) após a Primeira Guerra Mundial, e a humilhação levou a uma
nova guerra 20 anos depois; este honrou a potência derrotada (a França
napoleônica) e garantiu um século de paz na Europa.
A paz que hoje se propõe é a do Tratado de
Versalhes. Pressupõe a derrota total da Rússia, tal como Adolf Hitler a
imaginou quando invadiu a União Soviética em 1941. Mesmo admitindo que isto
ocorra ao nível da guerra convencional, é fácil prever que se a potência
perdedora tiver armas nucleares, não hesitará em usá-los. Haverá um holocausto
nuclear. Os neoconservadores americanos já incluem essa eventualidade em seus
cálculos, convencidos em sua cegueira de que tudo ocorrerá a milhares de
quilômetros de suas fronteiras. América primeiro... e por último. É bem
possível que já estejam pensando em um novo Plano Marshall, desta vez para
armazenar o lixo atômico acumulado nas ruínas da Europa.
Boaventura de Sousa Santos é professor emérito de sociologia na Universidade de Coimbra, em Portugal. Seu livro mais recente é Decolonizing the University: The Challenge of Deep Cognitive Justice .
Publicado originalmente no globetrotter
O Ocidente não pode renunciar ao sentido de si mesmo no centro do Universo, embora não mais no sentido racial,
Por: Alastair Crooke.
Hoje vivemos um narcisismo que eclipsou o
pensamento estratégico: o Ocidente não pode renunciar ao sentido de si mesmo no
centro do Universo (embora não mais no sentido racial, mas através de sua
substituição por políticas de vítimas que exigem infinitas reparações, como sua
reivindicação de primado moral).
Agora que esse subterfúgio está aberto, o Ocidente
tem sua guerra por procuração liderada pela OTAN; mas as sequelas desses
enganos são que o Coletivo Putin e o povo russo agora entendem que um fim
negociado para o conflito está fora de questão: Minsk agora é 'águas passadas'.
E como o Ocidente se recusa a entender a essência da Ucrânia como uma guerra
civil latente que eles deliberadamente iniciaram por meio de sua ávida defesa
do nacionalismo anti-russo "ultrapassado", a Ucrânia agora representa
um gênio que há muito escapou de sua garrafa.
Por seu controle total
das plataformas de mídia e
tecnologia, o Ocidente pode impedir que suas populações saibam até que ponto o
poder e as pretensões ocidentais foram perfurados por mais algum tempo. Mas
para quê? A dinâmica global resultante – os fatos da esfera da batalha –
acabará por 'falar' mais alto.
Então, Washington começará a preparar o público?
(ou seja, a fraqueza ocidental de John Bolton ainda poderia permitir que Putin
arrebatasse a vitória das garras da derrota ) repetindo a narrativa neocon
sobre o Vietnã: 'Teríamos vencido se o Ocidente tivesse mostrado a força de sua
determinação'. E então rapidamente 'seguir em frente' da Ucrânia, deixando a
história desaparecer? Talvez.
Mas a destruição da Rússia sempre foi o principal
objetivo estratégico dos EUA? O objetivo não é – ao contrário – garantir a
sobrevivência das estruturas financeiras e militares associadas, tanto
americanas quanto internacionais, que permitem enormes lucros e a transferência
de economias globais para os “Borg” de segurança ocidental? Ou, simplesmente, a
preservação do domínio da hegemonia financeira dos EUA.
Como escreve Oleg Nesterenko, “essa sobrevivência é
simplesmente impossível sem a dominação mundial militar-econômica ou, mais
precisamente, militar-financeira. O conceito de sobrevivência às custas da
dominação mundial foi claramente articulado no final da Guerra Fria por Paul
Wolfowitz, o Subsecretário de Defesa dos Estados Unidos, em sua chamada
Doutrina Wolfowitz, que via os Estados Unidos como a única superpotência
remanescente no o mundo e cujo principal objetivo era manter esse status:
“impedir o reaparecimento de um novo rival, seja na ex-União Soviética ou em
qualquer outro lugar, que seja uma ameaça à ordem anteriormente representada pela
União Soviética””.
O ponto aqui é que, embora a lógica da situação
pareça exigir um pivô dos EUA de uma guerra invencível na Ucrânia para um
'movimento' para outra 'ameaça', na prática o cálculo é provavelmente mais
complicado.
O célebre estrategista militar Clausewitz fez uma
clara distinção entre o que hoje chamamos de 'guerras de escolha' e o que este
último denominou 'guerras de decisão' – sendo estas últimos conflitos
existenciais, por sua definição.
A guerra na Ucrânia geralmente é considerada como
pertencente à primeira categoria de 'uma guerra de escolha'. Mas isso está
certo? Os eventos se desenrolaram longe do esperado na Casa Branca. A economia
russa não entrou em colapso – como presunçosamente previsto. O apoio do presidente
Putin é alto em 81%; e a Rússia coletiva se consolidou em torno dos objetivos
estratégicos mais amplos da Rússia. Além disso, a Rússia não está isolada
globalmente.
Essencialmente, a Equipe Biden pode ter se
entregado a um pensamento preconceituoso – projetando na Rússia muito diferente
e culturalmente ortodoxa de hoje, opiniões que eles formaram durante a era
anterior da União Soviética.
Pode ser que o cálculo da equipe Biden tenha mudado
com a compreensão crescente desses resultados imprevistos. E especialmente, a
exposição do desafio militar americano e da OTAN como sendo inferior à sua
reputação?
Esse foi um medo que Biden realmente expôs em sua
reunião na Casa Branca durante a visita de Zelensky antes do Natal. A OTAN
sobreviveria a tal franqueza? A UE permaneceria intacta? Considerações graves.
Biden disse que passou centenas de horas conversando com líderes da UE para
mitigar esses riscos.
Mais precisamente, os mercados ocidentais
sobreviveriam a tal franqueza? O que acontece se a Rússia, durante os meses de
inverno, levar a Ucrânia à beira do colapso do sistema? Biden e sua
administração fortemente anti-russa simplesmente levantarão as mãos e
concederão a vitória à Rússia? Com base em sua retórica maximalista e
compromisso com a vitória ucraniana, isso parece improvável.
O ponto aqui é que os mercados permanecem altamente
voláteis enquanto o Ocidente está à beira de uma contração recessiva que o FMI
alertou que provavelmente causará danos fundamentais à economia global. Ou
seja, a economia americana vive no momento mais delicado – à beira de um
possível abismo financeiro.
Não poderia Biden 'tornar explícito' que as sanções
contra a Rússia provavelmente não serão revertidas; que a interrupção da linha
de abastecimento persistirá; e que a inflação e as taxas de juros vão subir,
são suficientes para empurrar os mercados 'além do limite'?
Estas são incógnitas. Mas a ansiedade toca na
'sobrevivência' dos EUA – isto é, a sobrevivência da hegemonia do dólar. Como a
guerra da Grã-Bretanha contra a Alemanha não reafirmou ou restaurou o sistema
colonial (muito pelo contrário) – também a guerra da Rússia da Equipe Biden
falhou em reafirmar o apoio à ordem global liderada pelos EUA. Pelo contrário,
desencadeou uma onda de desafio à ordem global.
A metamorfose no sentimento global arrisca o início
de uma espiral viciosa: “O afrouxamento do sistema de petrodólares pode causar
um golpe significativo no mercado de títulos do Tesouro dos EUA. A queda da
demanda pelo dólar no cenário internacional acarretará automaticamente uma
desvalorização da moeda; e, de fato, uma queda na demanda por títulos do
tesouro de Washington. E isso por si só levará – mecanicamente – a um aumento
das taxas de juros.
Em águas tão agitadas, o Team Biden não pode
preferir impedir que o público ocidental aprenda o estado incerto das coisas,
continuando a narrativa 'a Ucrânia está ganhando'? Um dos objetivos principais
sempre foi o de controlar a inflação e as expectativas das taxas de juros –
mantendo a esperança de um colapso em Moscou. Um colapso que devolveria a
esfera ocidental ao 'normal' de energia russa abundante e barata e
matérias-primas abundantes e baratas.
Publicação original , strategic.cultute.org
ATO I A saída defenestrada do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, encerra um capítulo vergonhoso do atual governo Lula. O...