A
ACERTADA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA
O
Governo Lula, mais especificamente o próprio presidente Lula, acertadamente construiu,
em tempo ágil, uma cúpula sul americana da maior importância.
A
cimeira reuniu os chefes de estado de todos os países sul-americanos num momento
singular da geopolítica internacional.
Com
esse evento, Lula põe o subcontinente na crista da onda, dá um F5 na América do
Sul, observando sagazmente o movimento em curso no mundo.
Que
movimento é esse? A reorganização geopolítica do mundo rumo a formação de
blocos regionais fortes.
Apenas
para ficar no obvio: na Ásia, temos a ANSEAN, que reúne as nações do Sudeste da
Ásia, UA União Africana, a SCO Organização para a cooperação de Xangai, a UEE
União Econômica Eurasiática, a EU União Europeia etc.
No
âmbito da América do Sul só tínhamos o Mercosul depois veio Unasul, mais antiga
a Comunidade Andina, em 1998 é formada a ACTO Organização do Tratado de
Cooperação Amazônica. As inúmeras dificuldades dos países sul americanos bem
como a diversidade, a intervenção constante do imperialismo dificultou o funcionamento
dessas iniciativas em vários níveis, inclusive com a infame dívida eterna a que
muitos no subcontinente estão submetidos.
Dai
a importância da iniciativa de Lula. Ela se coloca num momento de crise e tensões
no centro do sistema. O grande Hegemon encontra-se atolado na Ucrânia, um
atoleiro auto infligido, com volumes absurdos de recursos, a pauperização da
Europa e a derrota cada dia mais evidente da OTAN frente ao exército russo.
De
outro lado temos a emergência de novos centros de poder, notadamente o acentuado
pêndulo do poder econômico em direção a Ásia com a China ultrapassando os EUA
em várias áreas e a EURASIA, com a liderança da Rússia.
As possibilidades
abertas à América do Sul
Esse
cenário cria uma oportunidade única para nós, sul americanos, de avançarmos na
construção de uma sociedade melhor.
O
subcontinente americano é rico em recursos naturais petróleo, áreas agrícolas,
um setor agroexportador bastante avançado. Temos algumas das maiores reservas
de lítio conhecidas do planeta. Além do ouro, cobre e prata explorados desde os
tempos coloniais temos grandes reservas de ferro, diamante, chumbo, zinco, manganês,
estanho bauxita e gás natural. Recentemente o México propôs aos países da
região a criação de uma espécie de OPEP do lítio.
Contamos
ainda com cerca de 12% da superfície terrestre e 6% da população global. Somos
banhados pelo Mar do Caribe e pelos oceanos Pacifico e Atlântico
O
subcontinente tem assim objetivamente condições de formar um bloco econômico forte
o suficiente para se tornar um player mundial. A iniciativa do presidente Lula baseia-se
muito nessa crença. Numa percepção de que, sim temos enormes problemas, mas ao
mesmo tempo temos enormes possibilidades.
Nossos eternos dilemas
Apesar
das condições objetivas, o subcontinente encontra-se enterrado sob a esfera de influência
dos EUA. Resulta disso burguesias clientes do capital norte americano que, com
aprofundamento do domínio do capital rentista nos EUA, se submetem a essa lógica
depreciando sua industrialização.
Os
EUA atuaram ativamente na região financiando, influenciando, fomentando
partidos políticos que, uma vez no poder, implementam uma lógica de desmonte do
Estado de privatizações de grandes empresas chaves dos serviços básicos à
população.
O
efeito dessa lógica deleitaria na região são o aumento da pobreza, as dificuldades
de acesso a serviços básicos. As empresas públicas objeto de privatizações são adquiridas
por fundos de investimento, bancos e outras empresas multinacionais a preços
depreciados
Resulta
daí que nossa direita e ultradireita é, essencialmente e contraditoriamente
entreguista. Abusam dos símbolos nacionais, juram amores a pátria, mas entrega o
patrimônio nacional a preço de banana e em desfavor das suas populações.
No
entanto, em momentos como a atual onde emergem governo progressistas nos principais
países da região renascem as esperanças de que uma articulação regional possa
atuar na superação dos enormes problemas das populações mais pobres, articular políticas
econômicas de incentivo ao desenvolvimento de uma
economia
regional voltada para o desenvolvimento e incremento de uma produção industrial,
para a autossuficiência alimentar, uma indústria naval própria e, em
perspectiva, segurança militar na região.
Essa
é a dimensão da iniciativa do governo Lula e sua visão das possiblidades
abertas ao subcontinente sul americano.
Isaias
Jose de Almeida Neto
Pós-graduado
em História do Brasil
Professor
Aposentado redes públicas e privada de ensino da Educação básica e Superior
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