Crise da Europa IV: O desafio militar
Durante a polemica dos drones sobre a Polônia, um
ministro polonês disse “ Vá você para a Ucrânia”. A frase foi dita num contexto
de pressão dos outros “amigos” da coalização dos indispostos (dispostos). Os
amigos cobravam uma ação mais efetiva da Polônia, incluindo o comprometimento
em enviar tropas para um lugar chamado Ucrânia.
Sobre o incidente dos drones:
- 19 drones penetraram o território polonês;
- Fotos e relatos dos locais dão conta de que não
se tratou de um ataque russo;
- As poucas imagens que apareceram nas redes sócias
mostram pedaços de drones colados com esparadrapos, ou seja, montados rudemente,
e com características de drones iscas e não drones de ataque;
- Dos 19 drones, só 4 foram abatidos, os demais
caíram em território polonês;
Consequências e versões:
1 A Polônia
abriu uma investigação formal;
2 Várias autoridades polonesas espalharam a
suspeita de ataque russo, logo divulgadas amplamente pela mídia oficial
ocidental, por todo o Otanistão;
3 A medida em que a hipótese de ataque russo se
enfraquecia, por exemplo um cidadão local à a casa que teve o telhado
arrancado, afirma que o tal telhado já tinha sido arrancado por uma tempestade
no mês anterior, a linha oficial na Polônia foi mudando para um possível ataque
da Bielorrússia até que veio à tona a informação de que autoridades bielorrussas
tinham avisado Varsóvia sobre os drones. Nesse ponto tá tudo muito confuso.
4 A Polônia está usando o episódio para arrancar
mais dinheiro de Bruxelas, enfatizando a necessidade de proteger a
fronteira.
5 Uma versão de origem polonesa da conta que a
Ucrânia está usando de bandeira falsa para atrair a OTAN e os EUA para a
guerra. Explicando: A Polônia é um país da OTAN. Uma agressão à Polônia poderia
levar a entrada formal da OTAN na guerra com envio de tropas. Claro a OTAN está
plenamente fazendo parte do conflito, só não assume formalmente, temendo o
ataque russo.
A Europa não conseguiu seque deter um ataque de
drones iscas que acabaram caindo em território polonês, que só se deu conta do
que estava ocorrendo porque a Bielorrússia avisou.
Isso diz muito sobre as capacidades militares da
OTAN.
Depois da Segunda Guerra Mundial a Europa estava
arrasada economicamente, militarmente. Os EUA financiaram a reconstrução
europeia não gratuitamente. Além do custo financeiro, da presença maciça das
empresas americanas na Europa, ocorreu também ocupação militar. Os EUA encheram a Europa Ocidental de bases
militares. A Alemanha em especial é uma grande base americana, são dezenas de
bases americanas só no território alemão. Os misseis nucleares na Alemanha são
dos EUA.
O resultado é que a Europa não tem exércitos
fortes, tecnologia militar de ponta e está muito atrasada na tecnologia de
misseis. Só existem três nações com a tríade nuclear: Rússia, EUA e China. A
tríade nuclear se caracteriza por ter o poder de fazer um ataque nuclear por
água, terra e ar. A França tem alguma capacidade nuclear, a Inglaterra um pouco
menos e a Alemanha nenhuma.
O tamanho dos exércitos e sua prontidão de batalha
dos exércitos europeus são ridículos perto dos concorrentes maiores. O segundo
exército da OTAN é o turco e a Polônia anunciou recentemente a intenção de ser
o segundo, sendo os EUA o primeiro, claro. A Alemanha também vem anunciando a
pretensão de se tornar esse segundo exército da OTAN e primeiro na Europa
Agora, se falamos em divergências no campo do BRICS, e na OCX, não se pode
ignorar que a Europa é também profundamente dividida. Se os EUA se afastar da
Europa como pretende Trump, a União europeia e sobretudo a OTAN, se
esfacelariam em instantes e teríamos um cenário extremamente volátil, com a
divisão da Europa em blocos que já estão se formando. Os Estados bálticos
formariam o bloco, aliás já estão formando um bloco dentro da OTAN. O centro
provavelmente se juntariam (já existe acordo Reino Unido França), A península
Ibérica tende a se juntar, talvez com adesão da Itália. Os Estados do leste
tenderiam a formar outro bloco.
Por tudo isso, a ideia de uma Europa se preparando
para uma guerra contra a Rússia é simplesmente ridícula. Para
terem alguma chance é fundamental segurar os EUA na OTAN, daí o servilismo
europeu, daí “o papai Trump”.
Uma comparação muito como entre analistas militares
dão conta de outra diferença grave. A capacidade russa de produção é
enormemente superior a da Europa. A Europa se desindustrializou muito enquanto
a Rússia vem aquecendo sua produção industrial e está com a produção a todo
vapor em função do conflito com a Ucrânia.
No entanto, o discurso de a Rússia é um inimigo, opera em várias frentes. Na frente eleitoral, serve para tentar salvar governos
liberais sem nenhuma legitimidade como Starmer (Inglaterra), Macron (França)
Merz (Alemanha). Serve aos mesmos governos para sua política de rearmamento. É
preciso justificar, perante a opinião pública, porque não vão gastar com saúde,
educação, segurança, melhorias salariais, moradia porque vão engordar os cofres
das empresas de defesa e a proteção dos lucros dos ricos.
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